Nicodemos: O homem que nadou contra a correnteza
Todos conhecem o significado da expressão: “Nadar contra a correnteza”. Numa versão mais jovem significa “seguir o fluxo”, ou seja, ir com...
Todos conhecem o significado da expressão: “Nadar contra a correnteza”. Numa versão mais jovem significa “seguir o fluxo”, ou seja, ir com a maioria, seguir a manada. Seguir a mesma direção do bando é sempre mais fácil do que seguir a direção contrária.
A condenação de Jesus já estava decretada, mesmo antes de se instalar um processo para ouvi-lo e julgá-lo como rezava a lei. No dia da Festa das Tendas, uma festa tradicional dos judeus, as autoridades haviam dado uma ordem de prisão a ser cumprida contra Jesus (Jo 7, 40-53). Os soldados, no entanto, disseram quando retornaram: Nunca ninguém falou como esse homem! Encantados com a mensagem de Jesus eles não tiveram coragem de prendê-lo. As opiniões sobre o mestre se dividiam: uns diziam que ele era um profeta, outros contestavam. Enfurecidas contra Jesus as autoridades disseram: Esse povo que não conhece a lei é maldito! Essa era uma afirmação forte, pois, muita gente não conhecia a lei, até porque as autoridades complicaram-na e ampliaram os seus artigos e parágrafos. Só eles, os fariseus e doutores da lei, supostamente conhecedores da lei, não eram malditos. Ao “Zé povinho” não restava alternativa a não ser essa alcunha de maldição.
Naquele dia, uma autoridade “jogou areia na farofa” da turma, quando questionou: A nossa lei pode condenar alguém sem ouvi-lo? Esse era Nicodemos, o mesmo homem que fora conversar com Jesus à noite. Agindo assim, ele mostrou que não era “gado”, pois o gado não pensa, apenas corre atrás das vozes de comando. Hoje, as vozes de comando, são veiculadas nos meios de comunicação que direcionam a opinião pública na direção que desejam. Você se lembra da “caçada” ao Lázaro Ramos, um jovem de Goiás, que foi acusado de uma multidão de crimes? Antes de seu julgamento ele já estava condenado pela opinião pública e a “caçada” serviu de atração aos programas policialescos da televisão brasileira. Esses programas, carniceiros, via de regra, dividem o mundo em dois lados: bandidos e mocinhos. Mas, será que podemos dividir o mundo apenas em preto e branco quando apenas de cinza temos mais de cinquenta tons?
Foto destaque: https://pixabay.com/pt/illustrations/justi%c3%a7a-em-linha-reta-jurisdi%c3%a7%c3%a3o-2071539/